PARTE DOIS DO GRANDE FINAL.
Ela se levanta, guarda a arma na bolsa e olha Valter de rabo de olho, ele vai andando devagar, com medo, até a rua, ela grita “uma coisa que eu tenho é palavra, espero que você tenha também”. Ela volta para o sítio, seu pai pergunta por onde ela andou, ela disse que foi resolver as coisas com Valter, o pai dela quase pula da cadeira “como assim, minha filha, pelo amor de Deus, a gente acho que você tinha ido na igreja e você vai lá pentelhar o rapaz, você é doida?”. Mariana responde, calmamente: “fui conversar como adulta com ele, entramos num acordo, ele vai retirar as acusações contra mim, lógico que eu tive que usar isto [tira a arma da bolsa] mas não precisei atirar não, só de ver ele ficou com essa cara, igual a de vocês e ele mesmo propôs o acordo”. O pai e a madrasta de Mariana ficaram boquiabertos com a calma que Mariana demonstrou ao contar que usou a arma, isso deixou-os com um pouco de medo. No outro dia, bem cedo, o pai de Mariana foi à igreja falar com o padre e contou o que havia se passado com a filha dele, o padre aconselhou o homem a levar sua filha a algum médico ou psicólogo, pois vira na TV alguns casos desses e, além da ajuda divina, uma ajuda médica iria muito bem. Mario foi verificar para Mariana se Valter tinha mesmo retirado as queixas contra ela na delegacia, os dois acabaram se encontrando na sala de espera da delega e começaram uma conversa meio sem graça. Mario: “pois é, eu soube o que rolou ontem a noite, vish, mano, sei nem o que te dizer”. Valter: “eu vou tirar as queixas e vou me mudar pra outro canto, quero distância da sua irmã, mas olha, com isso tudo eu aprendi que temos que ser bem pianinho com as mulheres”. Mario: “Mas você chifrou minha irmã, cara? Sério, na sincera, eu não tenho porque fazer nada com você, me diga...”.
Mariana esperava apreensiva em casa por saber se as queixas tinham sido retiradas, ainda não saberia o que fazer se a resposta fosse positiva ou negativa. Era uma ansiedade enorme. Finalmente seu irmão Mario chega e diz que encontrou com Valter e que as queixas foram retiradas e os processos foram anulados. Mariana se viu livre de uma vez por todas, Mario não comentou sobre a conversa que teve com Valter na delegacia, acreditou que um longe do outro, mesmo com todo mal entendido e incompreensão, seria a melhor solução para todos.
O pai de Mariana ficou feliz com a notícia e propôs a filha que ela começasse um tratamento numa psicóloga, mas ela achou melhor não, ela decidiu que voltaria pra roça, freqüentaria o MADA com sua madrasta e tentaria achar uma profissão para ajudar mulheres como ela.
Depois de alguns anos, Mariana se formou e hoje em dia é psiquiatra, atende em especial mulheres e homens ciumentos e participa de negociações em casos de seqüestros passionais. Valter se mudou e não soubemos mais dele, talvez Mario tenha notícias, mas manteve em segredo até os dias atuais.