29 de jan. de 2009

Novela da vida real

PARTE DOIS DO GRANDE FINAL.

Ela se levanta, guarda a arma na bolsa e olha Valter de rabo de olho, ele vai andando devagar, com medo, até a rua, ela grita “uma coisa que eu tenho é palavra, espero que você tenha também”. Ela volta para o sítio, seu pai pergunta por onde ela andou, ela disse que foi resolver as coisas com Valter, o pai dela quase pula da cadeira “como assim, minha filha, pelo amor de Deus, a gente acho que você tinha ido na igreja e você vai lá pentelhar o rapaz, você é doida?”. Mariana responde, calmamente: “fui conversar como adulta com ele, entramos num acordo, ele vai retirar as acusações contra mim, lógico que eu tive que usar isto [tira a arma da bolsa] mas não precisei atirar não, só de ver ele ficou com essa cara, igual a de vocês e ele mesmo propôs o acordo”. O pai e a madrasta de Mariana ficaram boquiabertos com a calma que Mariana demonstrou ao contar que usou a arma, isso deixou-os com um pouco de medo. No outro dia, bem cedo, o pai de Mariana foi à igreja falar com o padre e contou o que havia se passado com a filha dele, o padre aconselhou o homem a levar sua filha a algum médico ou psicólogo, pois vira na TV alguns casos desses e, além da ajuda divina, uma ajuda médica iria muito bem. Mario foi verificar para Mariana se Valter tinha mesmo retirado as queixas contra ela na delegacia, os dois acabaram se encontrando na sala de espera da delega e começaram uma conversa meio sem graça. Mario: “pois é, eu soube o que rolou ontem a noite, vish, mano, sei nem o que te dizer”. Valter: “eu vou tirar as queixas e vou me mudar pra outro canto, quero distância da sua irmã, mas olha, com isso tudo eu aprendi que temos que ser bem pianinho com as mulheres”. Mario: “Mas você chifrou minha irmã, cara? Sério, na sincera, eu não tenho porque fazer nada com você, me diga...”.

Mariana esperava apreensiva em casa por saber se as queixas tinham sido retiradas, ainda não saberia o que fazer se a resposta fosse positiva ou negativa. Era uma ansiedade enorme. Finalmente seu irmão Mario chega e diz que encontrou com Valter e que as queixas foram retiradas e os processos foram anulados. Mariana se viu livre de uma vez por todas, Mario não comentou sobre a conversa que teve com Valter na delegacia, acreditou que um longe do outro, mesmo com todo mal entendido e incompreensão, seria a melhor solução para todos.

O pai de Mariana ficou feliz com a notícia e propôs a filha que ela começasse um tratamento numa psicóloga, mas ela achou melhor não, ela decidiu que voltaria pra roça, freqüentaria o MADA com sua madrasta e tentaria achar uma profissão para ajudar mulheres como ela.

Depois de alguns anos, Mariana se formou e hoje em dia é psiquiatra, atende em especial mulheres e homens ciumentos e participa de negociações em casos de seqüestros passionais. Valter se mudou e não soubemos mais dele, talvez Mario tenha notícias, mas manteve em segredo até os dias atuais.

22 de jan. de 2009

Novela da vida real

PRIMEIRA PARTE DO GRANDE FINAL

Quando estava saindo do sítio, a madrasta a aborda “o que você tem?” e Mariana, com cara de susto, respondeu “nada, só uma vida destruída”. “O que você vai fazer? O que tem na bolsa?” perguntou a madrasta, que estranhou Mariana segurar tão firme e perto de seu corpo sua bolsa de crochê. Mariana, pela primeira vez num sinal de lucidez depois de tanta loucura, pediu um conselho a sua madrasta, na verdade não um conselho, mas sim uma opinião. “Tinha uma colega do Valter na casa dele na noite que fui pra casa dele, na delegacia, ele disse que não tinha ficado com ela, mas ia ficar depois de tudo o que fiz, será que ele dizia a verdade?”. A madrasta olha para Mariana, põe a mão em seus ombros e diz “não deixe que isso acabe com você, durante muitos anos fui ciumenta com seu pai e só consegui ficar mais insegura, comecei a freqüentar o MADA – Mulheres que amam demais anônimas- e aprendi muito sobre mim e sobre o amor”. Mariana olha com cara de “Que?” para a madrasta, abana a cabeça como se agradecesse e sai, dizendo que vai fazer tudo certo dessa vez. A madrasta, sem saber que Mariana esta armada, deixa a garota sair sem nenhum problema. Mariana pega um ônibus na estrada, vai até a estação de trem, e lá começa a pensar no que poderia fazer. Enquanto isso, Valter está na casa dele vendo jogo de futebol, um pouco preocupado com o fato de Mariana ter sido liberada da prisão, ele não sabia o que esperar dela. Mil coisas vinham na mente de Mariana, ela estava esperando o ônibus para a casa de Valter, quando um homem a abordou, queria a bolsa, ela disse “O QUÊ? CÊ TÁ LOUCO?” e sacou a arma, o cara levantou os braços e disse “desculpa aê, não sabia que você era do crime”, e Mariana pensou que sim, ela era uma criminosa, fichada e agora estava armada, o que ela tinha a perder?

Muita gente acabou vendo que Mariana estava armada, porém é a lei do ver, ouvir e calar, ninguém falou nada, todo mundo entrou no ônibus pianinho, ninguém ia fazer nada, estavam com um pouco de medo. Mariana fica distraída e nem se liga que o pessoal estava com medo dela, ela desce no ponto da casa de Valter e, quando chega no portão da casa dele, não sabe se ameaça ou se realmente faz alguma coisa. Ela não iria tocar a campainha, para que não desce margem para chamarem a polícia. Ela foi ao boteco na esquina, tomou uma cachaça, pediu pro moço do bar chamar Valter, dizer que era um amigo e que era urgente. Claro que ela deixou vintão na mão dele, que, encantado pela carinha de anjo de Mariana, não imaginava que a garota poderia fazer alguma barbaridade.

O moço chamou Valter, que perguntou desconfiado do que se tratava, e o cara do bar afirmou que não teria problema, que era só um amigo que estava muito bêbado, Valter desconfiou e perguntou o nome do amigo, mas o moço do bar teve jogo de cintura e disse “ele está bêbado, vai lá ajudar ele, é amigo seu, só o que eu sei”. Valter vai com um pé atrás, Mariana percebe e vai ao banheiro, tenta pensar se já saca logo a arma pra Valter não fugir, ou se tenta ter um diálogo antes. Valter chega no bar “cadê o cara, Zé?”, o moço do bar faz cara de “ihhh” e Mariana sai do banheiro e diz “Fui eu quem o chamou”. Valter olha amedrontado “O que você faz aqui, sua maluca?” e Mariana, antes de qualquer coisa, saca a arma e fala “Você não vai fugir antes da gente conversar”. O pessoal do bar se joga no chão, sai correndo e o moço fala “Aqui não, mocinha”, ela diz sorrindo de nervoso “eu não pretendo matar ninguém”. Valter pede para Mariana abaixar a arma que ele topa falar com ela. Eles sentam numa mesinha num canto do bar, Mariana tampa a arma com a bolsa, mas ela deixa claro para Valter, a arma estará apontada pra ele enquanto eles conversam, para garantir que ele não corra e que ele não chame a polícia. Como se tratava de um bairro da periferia, ninguém pensou em chamar a polícia, estavam num lugar ‘seguro’. “O que você quer Mariana?”, perguntou Valter. Mariana: “Eu quero saber de onde você tirou a idéia de darmos um tempo, quero saber por que você me traiu com aquela menina e por que você acabou com a minha vida? Estou com a ficha suja, desempregada, meu irmão me está me odiando, meu pai tem vergonha de mim e minha madrasta acha que sou caso de novela. Pra que tudo isso?”. Valter: “Começamos a namorar muito jovens, tínhamos apenas 17 anos, 1 ano e meio de namoro passou, eu não estava feliz, eu acreditei que o tempo seria para eu ver se realmente um sentiria a falta do outro, mas você não deu nem tempo pra isso acontecer, eu não entendo, você agiu como uma louca, não aprece a mesma Mariana que conheci”. Mariana começa a chorar, e fala: “Agora eu não sou mesmo a mesma pessoa, agora minha vida está destruída, eu não sei o que fazer, eu quero matar você e morrer”. Valter, com o olho arregalado, faz uma proposta: “Eu retiro todas as queixas contra você, se você prometer que vai me deixar em paz, por favor, a gente já viu que não vai dar certo”. Mariana: “VOCÊ QUER FICAR LIVRE PRA FICAR COM AQUELA BARANGA DO SEU TRABALHO, NÃO É? CONFESSA SEU DESGRAÇADO, CONFESSA SENÃO VOCÊ VAI CONFESSAR DIRETO PRA DEUS!”. Valter, com medo de levar uma bala, começa a gaguejar e deixa Mariana nervosa: “FALA SEU FILHO DA PUTA, VOCÊ FODEU MINHA VIDA, VOU ACABAR COM VOCÊ”. Valter: “Mariana, vo-você pode na-não acreditar, mas eu não fiquei, nunca com aque-quela menina. Ela mora num ba-bairro distante que ficou alagado com a Chu-chuva. Lembra que choveu? E-ela estava dando um te-tempo”. Mariana olha desconfiada, não acredita em uma só palavra de Valter, mas nesse momento ela percebe que tanto faz estar ou não com ele. Mariana: “retire as queixas”. Valter “Você vai me deixar em”, Mariana interrompe: “retire as porras das queixas amanhã cedo senão você não vai esquecer de mim nunca mais.

AMANHÃ SEGUNDA PARTE DO GRANDE FINAL (é grande, tive que desmembrar!)

21 de jan. de 2009

Novela da Vida real

CONTINUANDO...
Um ano de namoro se passou e eles estavam firmes e fortes. Valter arrumou um emprego novo de auxiliar de escritório e seu salário aumentou. Com o dinheiro a mais, ele começou a ser cobiçado na firma. Como todo homem cafajeste, Valter não deixava de dar mole pras mocinhas e começou a receber recadinhos quentes em seu celular. Um belo dia Mariana percebeu Valter num canto respondendo uma SMS, meio que escondendo dela. Ela ficou muito contrariada e perguntou o que ele tinha a esconder. Ele disse que não era nada. Esperta como ela só, Mariana esperou uma distração de Valter e pegou o celular dele. Qual a surpresa quando viu vários nomes de meninas nas ligações e várias SMS muito carinhosas. Mariana resolveu guardar o celular de Valter com ela e ele acreditou que tinha perdido, o que o deixou desesperado. Valter foi levar Mariana pra casa e quando chegaram ela disse “Ta aborrecido, amor?” e ele respondeu “Acho que esqueci meu celular em casa” ela, muito cínica, acalmou-o “Vamos dar um toque nele, se tiver chamando, alguém lá atende”. Mariana havia desligado o celular, então caiu direto na caixa postal, para desespero de Valter. Ele chegou em casa desolado, pensando em bloquear o numero no dia seguinte. Mariana ligou o celular, salvou todos os números de mulher da agenda e repassou as SMS dele pro celular dela. O que ela estaria pensando em fazer?
Valter arrumou um celular novo, com o numero antigo e, com a boa fama de gostosão no trabalho, decidiu que era bom dar um tempo no namoro, afinal ele era jovem e não queria ficar muito preso. Era a brecha que Mariana precisava para começar a agir. Ela mandou SMS de um numero privado numero a numero de mulher que tinha no celular de Valter, xingando de vagabunda pra baixo. Pegou o antigo aparelho de Valter e mandou por correio pra casa dele, totalmente destruído, com um recado “você tem um novo inimigo”. Valter demorou a entender, mas ligou os pontos e pensou em Mariana, pediu para Mario, irmão dela, dar uma conversada com ela, afinal, ele não queria terminar, só dar um tempinho.
Quando Mariana ficou sabendo, algo muito ruim tomou seu corpo, ela começou a pensar que tinha ajudado o cara a comprar a moto, a mudar pra Guaianases, a querer crescer na vida. Ela pegou um trem e foi até a casa dele, tentar entender o que estava havendo. “Olha Valter, pra mim não tem essa de tempo, ou acaba logo, ou volta, ficar desse jeito não dá”, ele retruca “Eu te amo, mas preciso de um tempo pra mim”. Ela nem espera ele acabar de falar, empurra a moto dele no chão e fala “metade dessa porra é minha”, ele olha, estupefato e diz “vou chamar a polícia” ela diz “chama, eu quero o que é meu de DIREITO”. De dentro da casa de Valter sai uma moça e diz “O que foi Valtinho?”. Mariana: “Quem é essa vadia, Valter?”, Valter: “é uma colega minha do trabalho”. Mariana: “E colega dorme na sua casa agora?”. Mariana, cheia de ódio, começa a pular em cima da moto, que vai se quebrando inteira, a raiva era tanta, que parecia um mamute sapateando em cima da moto. A polícia chega e leva Mariana pra delegacia, eles acabam dando queixa da moto e do celular.
Mariana fica detida, cheia de raiva, e Valtinho olha pra ela de longe e diz “você é uma louca, eu não tava ficando com aquela menina, mas agora vou ficar”.
O pai de Mariana vai a delegacia e consegue, depois de muito lero, liberar a filha até que a polícia comece o processo criminal. Ele diz para Mariana voltar ao sítio, pois estava desempregada, com a ficha suja e precisava de um advogado. Ela tenta entender toda a situação, mas tudo parece complicado demais. Mario arruma as coisas pra deixar a kitinete que tanto gostava, acabou pegando uma raiva de Mariana, mas ainda assim, conseguia ver que ela foi vítima de uma sacanagem.
O pai de Mariana tinha uma arma no sítio, o que é normal, devido ao risco de bichos ou malfeitores entrar no sítio. Mariana pegou a arma decidida a resolver sua situação de uma vez por todas.
AMANHÃ O GRANDE FINAL!!!

20 de jan. de 2009

Novela da vida real

Hoje vou contar a história de amor e ódio de Mariana. Afinal, depois de muito tempo sem postar, esse blog merece uma história bombástica pra começar bem 2009.

Mariana era uma menina que veio de uma origem problemática. Sua mãe abandonou a família quando ela tinha apenas 2 anos e fora criada com o pai e o irmão mais novo num sítio no interior de São Paulo. Desde cedo Mariana e Mario, seu irmão, ajudavam o pai na roça, seja plantando, colhendo ou vendendo no mercadão as verduras do sítio. Quando tinha 10 anos, Mariana viu seu pai dividindo o amor dele com uma mulher, com quem casou em pouco tempo e tiveram uma filhinha. Mariana e Mario ficaram enciumados, porém conformados com a situação, afinal, eram só crianças.

Com o passar dos anos, a madrasta se tornou uma pessoa fria com Mariana e Mario, ciumenta com o marido e mimava muito sua filhinha. Mariana começou a trabalhar fora e decidiu que sairia de casa assim que seu irmão, que estava com 14 anos, começasse a trabalhar também. Mariana foi trabalhar de recepcionista num escritório em São Paulo, quase 100km de distância do sítio onde morava. Era dedicada e estava feliz de sair da vida da roça, porém se sentia solitária por não ter muito com quem dividir essa alegria. Já havia terminado o colegial e seus colegas não viam muito bem essa de Mariana viajar pra ir trabalhar. Num vagão de trem lotado, Mariana pensava que sua vida seria melhor se ela arrumasse um companheiro, alguém para acompanhá-la nesta longa estrada da vida. Quando na estação Jundiapeba, um moço senta ao seu lado. Ele vê os grandes olhos verdes de Mariana e se encanta, decide puxar conversa com ela. Mariana gosta do papo de Valter, ele parece um cara legal, pois também mora longe e, ainda assim, trabalha de Office boy em São Paulo. Eles trocam telefone e desejam se encontrar de novo, com ou sem a ajuda do acaso. Mariana liga para Valter no dia seguinte e eles se encontram na estação da Luz para sentar juntos no trem novamente. E assim uma semana passa e eles se vêem todos os dias, menos domingo, que era folga deles. Mario começou a trabalhar e quis procurar casa junto com Mariana num lugar mais perto da zona urbana. Eles acharam uma kitinete na Rego Freitas, centrão de São Paulo, e mudaram pra lá para a tristeza de seu pai e felicidade de sua madrasta. De pouco em pouco, Mariana e seu irmão montavam o apartamento de 38m², pequeno mas suficiente para eles. Mario mudou de escola, na verdade ele disse que mudou de escola, mas tinha é parado de estudar. Ele já era alfabetizado e estava satisfeito assim.

Valter e Mariana começaram a se entender melhor, até que rolou um romance. Vira e mexe Valter ia dormir na Kitinete, o que deixava ele mais perto do trabalho e não precisaria acordar as 5 da manhã e fazer uma viagem até o trabalho. Estava feliz pela comodidade e por estar com Mariana. Mario não via isso muito bem, mas não reclamava, pois faria o mesmo se fosse com ele.

Valter decidiu mudar pra casa de uma tia em Guaianases, pra ficar mais perto do trem e assim não ficar sempre na pendura, dormindo na casa de Mariana.  Depois ele comprou uma moto, que Mariana ajudou a pagar, agora eles já tinham um vida praticamente de classe média. Iam ao shopping Itaquera, comiam pastel na Liberdade, enfim, era um casal feliz. Amanhã eu continuo...