8 de set. de 2008

Novela da vida real

Eu sei que já não tá sendo mais tão divertido o ofício de ler esse blog, mas estou aqui pra me entreter, a vida dos famosos não é tão legal assim, apesar de render bastante assunto, admito.

Betina não é rica, não é famosa, nem chega perto disso. Betina é uma jovem estudante que estava atrás de diversão e acabou passando momentos de adversidade que eu relatarei aqui com toda pompa que uma anônima merece.
Era Carnaval no ano de 2006, quando a estudante Betina estava feliz e saltitante pois tinha recebido a rescisão de seu trabalho como vendedora no shopping e queria aproveitar cada centavo. Betina trabalhou incessantemente oito meses de sol a sol, chuva a chuva, domingo a domingo. Finalmente foi mandada embora no Carnaval, era essa sua vontade desde que entrou na lojinha de roupa brega. Betina queria se dar ao luxo uma vez na vida de esbanjar seu salário, não era a grana de mamãe e papai, era a dela e ela queria muito torrar. Os amigos se reuniram e decidiram ir pra uma cidadezinha onde rolava um carnaval de marchinha, na praça principal da cidade. Eles queriam alugar um chalé, mas não rolou, não tinha vaga em pousada, não tinha nenhum hotel. Decidiram acampar e foram em uma van, cheios de malas, Betina e mais cinco amigos, em busca de um carnaval inesquecível.
Chegaram no camping, montaram as barracas e foram pro centro curtir as marchinhas. Todo mundo tomando todos os venenos possíveis pra alcançar a felicidade plena que se busca nessa época de folia. Quem sabe o que é, não duvida, sabe o que acontece com seis jovens bêbados numa cidade desconhecida e lotada de turistas igualmente bêbados. Se perderam, óbvio. Cada um num canto da praça, cheia de pessoas com mascaras de bichos, de gente famosa, de terroristas, de políticos e até gente que tava sem mascara mas estava com a cara deformada de tanto torpor.
Betina resolveu sentar num boteco e esperar ver seus amigos passar, afinal, a cidade não era tão grande e tava todo mundo no mesmo quarteirão. Uma pinga de mel aqui, uma pinga de coco ali, um hi-fi caprichado na sagatiba. Logo Betina sentiu seu fígado gritar “PÁRA DE BEBER EU VOU DESMANCHAR”. Ela olhou pra baixo pra ter certeza de que não estava ficando louca, quando quis olhar em volta, reparou que estava no chão. As pessoas no boteco ficaram olhando pra ela no chão e Betina abria a boca mas não conseguia proferir uma palavra. “ASHDOIDFAADS”, disse ela. “Ou ela é russa, ou está muito louca”, disse o tiozinho do boteco. Betina começou a babar, aí alguma boa alma foi lá colocar sal debaixo da língua dela e ela “ASHNOPRECI” e a galera a deitou esticadinha na frente do boteco e chamou uma ambulância. Vexame demais pra você? Pois é, os amigos de Betina conseguiram se encontrar e foram atrás dela, até que acharam a bolsa dela pendurada em uma árvore. A bolsa estava vazia e Betina não estava por ali. A ambulância chegou no boteco e não tinha uma viva alma que soubesse o nome da desfalecida Betina, que não conseguia falar em português e só conseguia ouvir seu fígado cantar “They try to make me go to rehab and I say no, no, no”. Ela foi levada ao hospital e, sem conseguir dizer seu nome, sozinha ali no corredor, teve que ouvir a enfermeira dizer “essa não tá com documento, nem consegue falar, bota o nome como desconhecido”. Sim, Betina era uma indigente no hospital, estava só, sem sua bolsa, sem sua rescisão, sem lenço, sem documento. Seus amigos a procuravam incessantemente, com a bolsa vazia, vendo se achavam um rastro de documentos. O celular já não estava mais entre nós, a esperança era ir de boteco em boteco ver se achavam a amiga. E foram. A aventura acabou as 23 horas. Quando Betina voltou para o camping e achou seus amigos fazendo um ritual simbólico de velório. “Eu tô viva, minha gente”, e todos comemoraram. Os documentos de Betina ainda estão perdidos pela cidade. O dinheiro, ninguém sabe onde foi parar. Reza a lenda que Betina pendurou a bolsa pra amarrar o tênis e esqueceu na árvore. Passaram uns transeuntes e resolveram mexer no fruto novo da árvore, enquanto Betina estava passando reto na frente dos botecos. As pessoas no hospital não sabem até hoje o nome da indigente que falava russo. Betina fugiu de lá sem deixar rastros e a história até virou lenda por aquelas bandas.

Um comentário:

victor disse...

uhauhauhauahuahuaha
and i say nooo noo nooo
huauhauhuha demais meu