Olá amigos, eu sinto que todos precisamos de uma historinha mais cativante, por isso vou contar a trajetória de Joana, uma menina cética que não via a magia nas coisas simples como muitos de nós costumamos fazer.
Joana sempre foi a certinha, fazia tudo como manda o figurino, tirava boas notas na escola, queria ser bióloga quando crescesse, obedecia aos pais, que não eram tão certinhos, mas tinham orgulho do trabalho que tinham feito com Joana, ela era a menina impecável, a filha que todos pais gostariam de ter. Educada, inteligente, bonita, aos 12 anos ganhou um concurso de ciências da escola com um projeto sobre Darwinismo. Que orgulho! Com o passar do tempo, Joana foi sendo excluída das turmas da escola por seu destaque entre os adultos, ela era sinal de perigo para os baderneiros, concorrência para os CDF’s e não tinha o perfil dos esquisitões que geralmente se excluem voluntariamente do convívio social. Na adolescência, seu rosto bonito chamava a atenção, por isso as meninas evitavam conversar com ela, os meninos se aproximavam, muito interessados, mas Joana era inteligente demais para o papo adolescente deles. Ela se dava bem com os amigos de seus pais, de seus tios, conversava horas com eles sobre seus planos, seus projetos, suas opiniões, tinha debates intermináveis sobre Rolling Stones, sua banda favorita, mesmo não sendo a banda mais certinha, Joana se identificava com eles, quando as meninas de 16 anos gostavam de High School Musical ou Iron Maiden. Os pais de Joana eram bem diferentes da filha, a mãe, Roberta, era uma ex hippie que se tornou teóloga, mas ainda assim não conseguia se redimir dos seus pecados anteriores e sempre vivia numa auto-punição eterna que acabou imprimindo-se na criação que deu a Joana. O pai, Fabio, era um professor de dança, sedutor e infiel, mesmo sendo muito discreto quanto as traições, não deixava de ser galanteador com todas as mulheres que conhecia, por isso Joana evitava de ter amigas, para poupá-las de um dia conhecer seu pai. Joana visitava muito seu tio Horácio, irmão mais novo de Fabio, um produtor musical que adorava Rolling Stones e, nas horas vagas, tocava na noite. Ele e a sobrinha se davam muito bem e ele acreditava no potencial dela como guitarrista, ele a ensinou a tocar o instrumento aos 7 anos e desde então a menina só se aperfeiçoou.
Porém Joana era tímida demais para começar uma banda, ela não tinha coragem de subir num palco e tocar, ela não tinha coragem nem de tocar nas reuniões de família, ela só tocava sozinha ou com seu tio Horácio. Ninguém a convencia de fazer mais que isso, ninguém mesmo. Talvez nem Mick Jagger em pessoa o conseguisse. Joana estava para fazer 18 anos, eram seus últimos dias de aula e ela estava feliz de se livrar dos ‘acéfalos’ da escola. João, um menino que ela tinha beijado uma vez e não largava do pé dela, perguntou o que ela iria fazer depois da aula, ela disse que iria ver o tio dela, ele se convidou para ir junto, ela disse que eram negócios de família. João ficou triste, pois teve certeza de que nunca mais veria Joana, ela foi a menina mais bonita que ele já tinha beijado na vida, foi uma conquista difícil, numa festa junina chuvosa no segundo colegial, ela, tímida como sempre, foi o par dele e, depois da dança, eles foram se sentar, ela toda vermelha, não se conformava como tinha topado aquilo. Ele a abraçou e a beijou, talvez ele tenha sido a pessoa mais próxima dela em toda a escola desde quando ela entrou lá aos 7 anos. Isso fazia João se sentir especial, pelo menos para Joana, sem falar na combinação entre os nomes, isso era bem fofo. Porém para Joana, João não passou de uma experiência que ela tinha que ter para a vida, ele tinha algo de especial, pois foi quem ela permitiu uma aproximação maior, mas foi apenas naquela ocasião, ela não queria nada mais com ele, ela não tinha vontade de ficar próxima dele e, por incrível que pareça, ela não se sentia mal com isso. CONTINUA...
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